Dimensão Humana
O planeta Terra não vive uma crise ambiental como muitos pensam. O evidente desequilíbrio da Natureza é tão somente um sintoma, e não a doença em si. A doença mesmo tem origem no ser humano e no seu modo ‘atual’ [há quase seis mil anos] de ver a si mesmo e a realidade que se desdobra ao seu redor. Como espécie, vivemos em uma sociedade em meio a uma grave crise de identidade. Em algum momento entre a pré-história e a história perdemos a dimensão humana e adentramos um modo de vida mais elaborado, hierárquico, estratificado, amparados na agricultura, na pecuária, no comércio e munidos, além das armas, de uma poderosa tecnologia: a escrita e a leitura —o registro impresso de informações e sua posterior decodificação.
Obs. O mais incrível é que os primeiros livros criados por seres humanos ‘funcionam’ até hoje. Foram impressos pelos sumérios e permitem aos cientistas e pesquisadores de hoje ler o que a primeira civilização conhecida escreveu —ao contrário dos disquetes, que não podem mais ser lidos pelos computadores atuais e, portanto, não serão lidos pelos computadores do futuro. Triste fim o do disquete. O Compact Disc [CD] significou um enorme passo a frente, com o registro óptico das informações e com muito mais capacidade de armazenamento, segurança e rapidez no acesso a elas, muito embora o CD também já esteja completamente defasado como mídia.
E nem adianta citar o pendrive como a mídia mais adequada: também o pequeno e poderoso drive já se vê sob ameaça de ser superado como mídia, uma vez que o próprio conceito de mídia está em questão hoje, pois o sistema de ‘nuvem’ [na internet] permite um gigantesco arquivamento de informações de todos os tipos e um acesso muito rápido, ‘seguro’ e qualificado a elas. Entretanto, se uma ou outra explosão solar danificar a conexão com a internet, não há o que temer, já que podemos voltar ao sistema mais seguro de arquivar informações já inventado, que funciona há 6.000 anos: a saber, além de criar o primeiro ‘alfabeto’ (cuneiforme, em forma de cunha), os sumérios começaram a imprimir todos os tipos de texto em placas de argila mole utilizando varinhas de madeira como lápis. Placas de argila que, depois de ir ao forno ou secar ao Sol, endureciam, perpetuando o texto impresso. Com esse sistema, eles escreveram milhares e milhares de livros que podem ser lidos até hoje. Em sua maioria, foram encontrados nos desertos da mesopotâmia, onde hoje (em sua maior parte) é o Iraque. Resta saber se os dez anos de guerra no Iraque deixaram algo mais do que pedra sobre pedra...
M.Collier
Projeto AltaVila
Comunicação em Comunidade